quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Estudo.

Eles se espalham e juntam
Desvela-me uma geografia (in)delicada
Cada dia junta mais, ora pouco, ora muito.
E a cada investida, cada palavra.
Encontro em teus lábios, em teus olhos
O que ninguém soube me contar.
Cala, ama, vive.
‘Viver é melhor que sonhar’.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Verões.


Suas mãos estão cheirando café, talvez porque ela tenha feito uma bagunça, uma baita bagunça na mesa.

-É hoje que ele volta, Sophia, é hoje.

-Calma, você nem gosta tanto dele assim, ou gosta?

-Talvez, eu não sei. Eu não sei nem o nome dele na verdade, nem o que ele pensa sobre mim, mesmo que parecesse tão sincero enquanto durou, ou talvez dure, eu não sei de mais nada.

-Ah, Frances, vai ficar tudo bem, afinal ele gosta de você, não é?

-Espero que ainda goste, mesmo eu não tendo pedido a ele para ficar, mesmo que essa fosse a minha maior vontade, mesmo que ele seja uma das poucas pessoas que entendam a minha simplicidade absurda e meu vício em cigarros e vinho.

-Você gosta dele então.

-Não faço a mínima idéia.

-Frances, já faz dois meses que ele foi embora e você nem toca no assunto. Isso é um sinal de que você tem medo.

-Talvez eu tenha, por nunca ter encontrado alguém assim e estar me apaixonando por ele, talvez eu tenha medo de perdê-lo e torne isso cada dia mais simples, mais fácil de acontecer, talvez ele deixe de me entender assim de repente.

-Por que você tem tanto medo?

-Porque eu nunca encontrei outra pessoa que me desse calafrios, porque eu nunca achei ninguém que soubesse que uma música pode mudar completamente meu humor, porque eu nunca achei ninguém que entendesse que meu momento mais feliz é quando sinto vento no cabelo pelo meu carro sem teto, porque eu nunca achei ninguém que soubesse fazer pequenos momentos serem grandes e grandes momentos serem maiores ainda.

-Você gosta dele, não deixe que ele fique longe.

-Espero que ele não me ache uma idiota, mesmo que eu pense isso de mim mesma.

-Você não precisa de outra pessoa que diga, afinal.

-É.

Chovia e estava frio, Frances estava nervosa, foi quando viu aquele cabelo preto voando e molhado, ela estava em frente a um táxi amarelo e sua visão embaçada os dois na rua vazia ficaram se olhando. Era como se fosse a primeira vez, o momento foi interrompido por uma buzina.

-Ei, menina, saia da frente do meu carro com essa coisa que você pode chamar de conversível! Vá aprender a dirigir!

-Cale a boca.

Ela o viu se aproximando e quando estavam próximos na chuva, tão próximos, pôde se ouvir:

-Ei.

-Oi.

E com um abraço, tudo o que não foi dito, nem nunca será, foi esquecido e encontrado.

O silêncio é muitas vezes mais explicativo, mais bonito, mais simples, mais necessário que qualquer coisa que possa ser dita.Frances nunca foi de falar muito e encontrou um outro silencioso.


Que bom.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Gosto mais dela que da Dalva.


Parece que ela sempre entendeu tudo o que eu sempre tentei querer dizer, mas não consegui. A Dalva que case com outro, prefiro a Maysa, minha diva.
"Oh, Brisa, fica pois talvez quem sabe
O inesperado traga uma surpresa."

Girl, interrupted.


"Lisa: Onde você vai? Eu estou falando com você! Susanna! O que foi? Não gosta mais de mim?

Susanna: Não, não gosto!

Lisa: Por que está livre? Não gosta mais de mim porque está livre?Você pensa que é livre, eu sou livre! Você não sabe o que é liberdade!Eu sou livre! Eu posso respirar e você vai se sufocar tendo uma vida comum! Tem muitos botões no mundo implorando para serem apertados, e é só apertar! E isso me faz pensar, Por que ninguém aperta os meus? Eu sou tão negligenciada, por que ninguém vem e arranca a verdade e fala que eu não sirvo para nada?!E que meus pais gostariam que eu estivesse morta!

Susanna : Porque você já está morta Lisa!E ninguém liga se você morrer, Lisa, porque você já está morta.O seu coração é frio e por isso você fica voltando para cá, você não é livre, precisa daqui para se sentir viva e isso é patético. Eu desperdicei um ano da minha vida e todo mundo lá fora pode ser mentiroso, talvez o mundo inteiro seja estúpido e ignorante, mas eu prefiro estar nele a estar aqui com você."


Em se tratando de partes favoritas em filmes, está aí a minha de um de meus filmes favoritos.


domingo, 10 de janeiro de 2010

Carta-Amor sem Fronteiras

"Eu me pergunto se todos nós sabemos a que lugar pertencemos e se sabemos, nos nossos corações por que não fazemos alguma coisa a respeito? A vida é muito mais que isso, deve haver um propósito para cada um de nós, um lugar ao qual pertencemos. Você é o meu lugar.
Eu soube no momento em que o conheci, naquela noite há tantos anos.
Talvez sejamos todos refugiados de alguma coisa, mas agora vejo que não há nada a temer, que o mundo ao qual nos prendemos e as vidas que amamos fazem parte de alguma coisa maior, a esperança, a vida , então vejo que vale a pena lutar.
Todo esse tempo esses anos separados, senti sua falta, todas essas noites dormi com você, acordei com você, você sempre esteve comigo, a sua coragem, o seu sorriso.Nunca houve distância entre nós, nem nunca haverá, eu te amo, Nick, eu te amo."

Não faz meu estilo. Mas achei realmente bonito.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Encontrar.

Parecia tão perto, eu podia quase sentir.
Seus lábios sorriem longe, seu corpo precisa de um abraço.
Faz pouco tempo, mas isso não é importante.
Desvelo-te, encontro-te, devoro-te.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Wonder Years ♥

Passava depois dos desenhos e antes dos jornais, era o tempo perfeito para alguém que não sabe o que é ainda, que assistia metade do desenho e o jornal até a previsão do tempo para saber se ia chover no dia de ir brincar na rua.

Lembro-me muito bem desta série de tevê que retratou a infância de tantos jovens do subúrbio nos anos sessenta, guerra, hippies, Woodstock. Não havia naquela época para mim melhor hora que essa.

A abertura era a primeira música tocada em Woodstock e me lembro também de algumas músicas da Janis Joplin nesta série.

“Anos Incríveis” foi o início de um amadurecimento que ainda não terminou e às vezes alguns atos de Kevin Arnold vejo em mim, vejo o doce anjinho loiro Karen, e o irritante Wayne.

É a série mais incrível que existe.

E depois disso tudo, digo que encontrei os meus anos incríveis, eles estão aqui, agora e para sempre. ♥



sábado, 2 de janeiro de 2010

De volta

Ela saiu do quarto e respirou, andou pelo hospital com suas roupas agora, ela deixou amigas lá e ao sair viu o conversível reciclado.

-Sophia!

-Frances!

-Minha irmã, que saudade!

-O mesmo, me declararam curada, curada! Se é que eu estava louca.

-Você está linda.

-Tirando as minha cicatrizes.

-Ah, cicatriz é chique. Bem, você pode ficar em casa até arrumar um emprego.

-Obrigada.

-Não repare a bagunça.

- O Dylan vem?

-Ele disse que ligaria.

Frances saiu a passear com Lobão e Sophia ficou em casa, fumou um cigarro e recebeu um telefonema.

-Alô?

-Oi, como você está?

-Estou bem, obrigada.

-Quer me encontrar na praça perto da casa da sua irmã?

-Pode ser.

-Eu já estou aqui.

-Estarei aí em 15 minutos.

-Ok.

Sophia procurou se arrumar, prendeu os cabelos agora curtos e foi ao encontro de Dylan, munida de um chinelo, uma camiseta e uma calça jeans.

-Oi.

-Já faz tempo.

-É pois é. Eu senti tanta saudade.

Sophia abraçou Dylan como se ele fosse a última pessoa do mundo.

-Sophia, escute, você ficou fora muito tempo, quase um ano e sabe, as coisas mudam, as pessoas conhecem pessoas e quero que fique claro que eu te amo.

-O que você está fazendo? Que anel é esse no seu dedo?

-Estou noivo Sophia.

- O que? Você foi me visitar, falou comigo, disse que me esperaria, eu te vi faz um mês e você se declarou para mim, disse que queria ter filhos comigo! O que é que houve?

-Eu já tinha conhecido alguém, só que eu ainda não a amava e nós nos conhecemos melhor...

-É isso, então? Você transa com uma pessoa algumas vezes e vai embora? Meu lugar é você Dylan, eu preciso de você.

-Mas nós não somos feitos um para o outro.

- Então é isso, eu fico num hospício, só porque não quero fugir com você me deixa por uma menina de boa conversa qualquer que você nem viu os defeitos ainda? Filho-da-puta!

Sophia jogou um vaso na cabeça de Dylan, ele ficou com amnésia e não se casou, foi para uma clínica e se matou.

Me chama, me chama, me chama.

Depois de tropeçar em todos aqueles Lp’s, ela desceu as escadas e odiou como nunca aquele calor. Frances tinha se dado férias e pensava em ir à praia, pensava em sentir a água gelada lhe tocar a face e faltavam dois dias apenas para a sua saída.

Com aqueles cabelos compridos que lembravam a ela Janis Joplin, ela fez as malas e saiu com a sua coleção de cigarros tão amada, levou seu rádio, algumas camisetas e saiu, no seu conversível reciclado, saiu caminhando de volta para o mundo.

O sol tocava a sua pele moreno-pálida e iluminada, Frances levada pela sua querida Janis Joplin, sorriu, soltou os cabelos e assim, se sentiu viva.

Já fazia dois meses depois daquela noite e ela nem se lembrava mais, ou pelo menos, tentava.

O apartamento estava encardido e cheirando mofo, mas o consolo era de que a praia era vazia, deixou as coisas lá e saiu. Estava chovendo, mas ela sorria. Ficou sentada na areia lendo. Foi quando viu, aquela coisa sentada do ao seu lado e falou com ele e aqueles lindos olhos verdes sobre o livro.

-Sabe, às vezes eu me sinto sozinha quando há um monte de gente comigo. E outras vezes me sinto acompanhada quando estou só. Ei, você quer um cigarro?

[silêncio]

-Acho que não. Sabe, minha amiga Janes, diz que eu devia parar de fumar e de beber, mas eu não a escuto. Mas sabe, eu gosto muito dela, ela me faz sentir em casa, mesmo estando longe e sabe, todas aquelas coisas do Eddie, já faz dois meses que ele foi embora acho que ele vai ficar lá na Inglaterra, ele podia conhecer alguém legal e me apresentar. Mas sabe, seria complicado, a maioria das pessoas que eu acho legais estão mortas ou morrendo, entende? Mas digo pessoas do mundo da música, bem, eu queria mesmo era ter conhecido a Janis Joplin. Ei, você quer ir para casa comigo? Sabe, eu fumo muito, você não liga né?

[silêncio]

-Acho que isso é um sim, venha.

Ela levou a coisa toda enrolada para a casa, estava molhado, probrezinho. Ela lhe deu um banho e eles dormiram juntos.

-Você tem nome, bonitinho?

[silêncio]

-Vou te chamar de... Lobão. Bonito né? Eu queria que você falasse tanto quando ele.

Ela dormiu e nos outros dois dias ela se divertiu muito com o seu novo cachorro. Foi para casa.

E ela se sentiu viva como nunca tinha sentido.E choveu no seu conversível reciclado.