segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Springtime


Enquanto descia as escadas, tinha um sol tão insuportável vindo da janela que era quase impossível achar que ainda não eram nem sete da manhã.


-Droga de primavera.


Acendeu um cigarro e ligou o rádio.Aquela música, que combinaria mais com um dia frio e com alguém junto.


Ela desligou o rádio e vestiu qualquer roupa rápida de vestir, saiu para o trabalho.


-Olá.


-Oi, mas já está quase na hora de fechar e está uma baita chuva, você está todo molhado, o que você faz aqui? Você é doido?


-Não, só queria avisar que tem show hoje.


-Nossa, obrigada eu apareço lá.Mas como você vai fazer para voltar para casa?


-Não sei, mas eu tinha que te avisar.


-Minha nossa, vamos para casa comigo, eu coloco as suas roupas numa secadora.


-Obrigado.


-Eddie, você tem merda na cabeça?(rindo)


-Devo ter.


***


-Minha nossa, que chuva.


-Liga o rádio.


-Claro.


[toca Bob Dylan-Lady, Lady, Lady]


-Nossa, essa música é linda.


-É mesmo, não dava para ser melhor.


-É.


Ouviu-se então um barulho estrondoso, um galho caiu sobre o carro.


-Porra, que meeerdddaa!


-Calma, Frances, calma.


-Calma? Era meu único carro.


-Eu sei, eu sei.Tenta ligar para alguém.


-Meu celular não tem sinal.


-O meu também não.


-E agora?


-Agora a gente espera, mas já são onze horas, a gente vai dormir aqui?


-É o jeito, ninguém manda você morar longe do seu trabalho.


-Não acredito.


-Não fique mal-humorada, depois a gente vai rir disso.


-Será?


-Eu já estou rindo.


Os dois numa gargalhada sem fim de repente pararam e se olharam, aquele olhar que já entrega o que vai acontecer, aquele olhar sem vergonha de novela, esse mesmo, principalmente depois de perceber que as suas faces estavam a um centímetro de distância uma da outra.


-Acho que tem um cobertor no porta malas, é bom tentar pegar está esfriando.


-É , é melhor mesmo.


-Puts, o tronco está em cima da porta do porta malas.


- Não creio!


-Sério. Maldita seja a Lei de Murphy!


-Maldita.


-E agora?


-A gente podia se aquecer por irradiação.


Frances sorriu e até que enfim aconteceu, foi como se o frio que estava lá não existisse, foi como se não houvesse problemas e minha nossa, era melhor que vinho!


E era como se nada pudesse afastar seus lábios, quando seus coropos se juntaram, era como se nada estivesse mais lá, só a música e isso.


-Minha nossa, o que foi isso?


-Não precisa saber o que foi.


-Jesus, que calor.


-Ainda bem que não precisa mais de cobertor , Dona Frances.


-Bobo.


-Eu e a banda vamos sair em turnê, internacionalmente.


-Nossa, mas vocês assinaram alguma coisa assim?


-Não, é para promover.


-E quanto tempo demora?


-Não faço a mínima idéia.


-Poxa.


-Vou sentir falta de tomar vinho com você.


-Quando você voltar a gente toma.


-Com certeza.


"If you gotta go, then you gotta know

That's killing me

And all the things I never seem to show

I gotta make you see

[...]I really, really, love you".

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