quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Tchau.


Ela acordava e estava um pouco frio, dormia desta vez numa cama, por um milagre, a vitrola tinha um vinil rodando ainda na parte em que só há um barulho gostoso que faz cócegas no ouvido, deu-se conta de que não estava só.

Levantou, com os olhos castanhos mal abertos ainda, mesmo que não houvesse luz, seguiu descalça até o banheiro, lavou o rosto e desceu as escadas tropeçando em tudo o que havia no caminho, Frances sempre foi um poço de delicadeza.

Sentada no sofá ouvindo alguma coisa subconscientemente, sentiu o forte cheiro de café.

-Oi.

-Oi.

-Passou bem a noite?

-Sim e você?

-Também.

-Mas sabe, você deveria vestir as suas roupas, vestir a roupa dos outros quando eles estão atrasados é maldade.

-Desculpa, eu já vou tomar um banho.

-Eu tenho um ensaio hoje, depois a gente pode ouvir alguma coisa e jantar.

-Claro.Vou indo.A propósito, eu vou ficar com a sua flanela.

-Ladra.

-Você vai ter que vir buscar então.

Ela não conseguia acreditar no que estava acontecendo, nem que ia jantar de novo algo que não fosse por encomenda, não fazia isso há tempos.

E mais que isso, agora ela tinha certeza do que sentia e agora isso era o suficiente.

Frances dá um ‘tchau’ por aqui.


Tratei dela por alguns meses e acho que ela está feliz. Frances fecha uma fase, espero que ela não volte logo, seu vinho me embriaga. E não, ela não viveu feliz para sempre, isso não existe.

2 comentários:

  1. cara, seus textos são delicados. Gostosos de ler. Não possuem uma trama empolgante muito menos explosões e poças de sangue. Acho que você deveria ler Lúcio Cardoso, Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu. É a sensação de quando leio algum texto seu: parece que leio o deles. Não que você escreva semelhante à esses escritores, mas é simples, delicado e ao mesmo tempo cheio de sentimento. E sim, nada, nada é eterno. Meu beijo!

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